Segunda-feira, Outubro 2, 2023

1500 cobaias terão sido mortas no desenvolvimento do projecto Neuralink. Maus tratos a animais ou desenvolvimento científico?

Entre os animais estarão ovelhas, porcos, ratos e macacos. O número será apenas uma estimativa mas não indica que regulação e boas prácticas de desenvolvimento científico estejam em falta. Será esse o problema? Segundo Musk, os testes em humanos vão ter início no espaço de 6 meses.

O jogo é simples: se, através de um joystick, conseguirmos mover um pequeno círculo branco para dentro do quadrado laranja, o quadrado muda de posição no ecrã e um pequeno tubo liberta “batido de banana”. Quanto mais vezes colocarmos o círculo dentro do quadrado, mais batido. O jogador 1 é um macaco. Foi ensinado a mover o círculo com o joystick até encontrar o quadrado, em troca da recompensa.

Se ainda não viram o vídeo vejam aqui. Pelo menos a parte em que o joystick é desligado e o macaco controla a bola através do implante que tem no cérebro. Em outro momento, o contacto do focinho de um porco é traduzido em impulsos eléctricos, lidos pelos eléctrodos inseridos no cérebro do suíno, depois escritos num ecrã como se fosse uma línguagem. Esse é o implante da Neuralink. Um dos objectivos do projecto é devolver a mobilidade a pessoas que sofrem de paralisia.

Mas mesmo que questões éticas como “será que morrerem 1500 animais é assim tão mau se pensarmos nos milhões de pessoas a que podemos devolver a mobilidade?” ou “fazia diferença se fossem 1500 ratos ou 1500 macacos?” nos assaltem, a questão não é nenhuma dessas.

Segundo documentos a que a Reuters teve acesso, a Neuralink está sob investigação federal após queixas dos funcionários, que denunciam “sofrimento e morte desnecessários” entre os animais de testagem. A investigação vai levar o Animal Welfare Act em consideração. Em conta serão tidos emails, áudios, apresentações, mensagens e relatórios.

Os funcionários queixam-se da “pressão” de Musk quanto aos resultados e à velocidade a que devem surgir os avanços, que tem resultado em práticas descuidadas e precoces, e levado à morte das cobaias. De acordo com a Reuters, estima-se que sejam 1500 mas a Neuralink não guarda registo dos animais.

Segundo documentos a que aquela agência de notícias teve acesso, em 2021, durante um experimento, morreram “desnecessariamente” 25 dos 60 porcos em teste porque, simplesmente, o tamanho dos chips implantados era grande demais. Após esta falha, nada foi alterado e a experiência foi emulada em 36 ovelhas. Segundo fonte próxima do projecto, tanto ovelhas quanto porcos foram mortos após a experiência.

Em uma das vezes, dois porcos foram implantados com o Neuralink na vértebra errada. A solução foi recorrer à “eutanásia”. Em outra, foi utilizada a cola errada durante a operação ao cérebro de dois macacos. Ambos morreram.

A Neuralink defende que apenas recorre aos testes em animais quando esgotadas todas as opções, documentos da empresa sugerem o contrário.

No início do mês Elon Musk garantia que os testes em humanos vão ter início no espaço de 6 meses.

Relacionadas:

EUA querem defender-nos da Inteligência Artificial

A “Blueprint for an AI Bill of Rights” assenta...

Algoritmo prevê acções de jogadores de vólei em mais de 80%. É este o fim das apostas desportivas?

A "antecipação da acção" consiste na utilização de informação...

Pilares da Criação: uma maternidade de estrelas no meio de gás e poeira

Passaram quase 30 anos desde que o telescópio Hubble...

Conteúdos de TV representam quase metade de toda a pirataria na internet

Entre os conteúdos mais pirateados estão programas de televisão,...